A EXPLICAÇÃO DOS PARDAIS
Perguntava-me quem seria este presidente de júri que acredita que um argumento chamado "O Enigma de Zulmira" vai ser uma revelação para o cinema português. Ou que considera a adaptação de um clássico da literatura neo-realista "Bastardos do Sol" (que só na edição do Círculo dos Leitores, vendeu 80.000 exemplares...), como "uma ideia desinteressante". E que, mais gravoso do que tudo isto, assina duas actas seguidas, de dois concursos distintos que atribuem dois subsídios ao mesmo filme, a saber "Rosebud", de Carlos Saboga. Perante a impassibilidade do presidente do ICAM, do secretário de Estado e, tanto quanto pude apurar, da maioria dos argumentistas concorrentes. Não se trata aqui de duvidar do interesse do projecto, mas da inépcia do presidente do júri que no espaço de duas semanas, "se esquece" que o Estado já apoiou um filme.
A explicação para esta desatenção sonhadora veio-me, da autobiografia do senhor. Escrita pelo seu punho e publicada no site do ICAM, para consulta pública. Reproduzo, com a devida vénia.
"Paulo da Rosária ? Escrita de Argumento
Como Publicitário exaltou o perfume e a cor dos vinhos do Dão. Como
Professor de Português chorou a rir, com os alunos e com os textos do O´Neill,
do Eça e do Camilo. Paulo da Rosária, Professor de Argumento na
Universidade Católica Portuguesa há cerca de oito anos mantém um olhar puro
na avaliação da fantasia que cabe à tradição da arte do contador de histórias.
Sempre ancorada na tradição e no conhecimento da cultura portuguesa.
Escreveu telenovelas, telefilmes, sitcoms, documentários, sketches
humorísticos. Sempre a pensar na avó, na mãe e nos filhos, que são três e na
mulher que é só uma."
(sic)
ps: enquanto os concursos forem colocados maioritariamente na mão de ineptos, escritores de 5a categoria, ex-directoras demitidas do Camões e obscuros professores universitários próximos, para não dizer gémeos, de lóbis como o da Escola de Cinema, ou da área "griliana", não há, repito, não há, a mínima hipótese de melhoria do cinema português.
Serei eu a estar errado, ou pedir às pessoas que sejam imparciais, que saibam ler um argumento, ou que percebam um pouco mais de cinema do que terem visto quinhentas vezes o "Titanic", seria o mínimo exigível para um tal dispêndio de fundos públicos?
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